quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Coração

Ahhh coração!

Parece um ser a parte do nosso corpo, alma e vida... quer ter seus próprios sentimentos e ações. Não sabe dar ouvido a razão, é tão inconstante e eternamente imaturo... gosta de nos entregar através de bochechas rosadas, olhos brilhantes e mãos trêmulas. Começa a se agitar tanto que parece que vai pular do peito direto nas mãos dele, dela...

Não sabe se comportar direito, não tem modos... parece uma criança serelepe, correndo pra lá e pra cá, querendo mostrar que está ali, querendo chamar atenção. Quando se agita parece que todas as atenções da sala, do ambiente, do mundo estão direcionados a ele... o chão desaparece, você enxerga apenas uma coisa... o motivo pelo qual seu pobre amigo, ai no peito, ficou tão agitado.

Ele fica feliz! Contente por dias... Ele se agita apenas de lembrar daquele beijo, daquelas mãos tocando as suas, das palavras de carinho, das promessas, dos planos e dos sonhos... Mas ele também precisa ser alimentado... com o tempo as lembranças, apesar de boas, não são mais suficientes... ele precisa de mais toques, mais contato, mais carinho.

Aí o coração começa a ficar murchinho... sente uma pontada de dor... uma velha dor conhecida, aquela da decepção, das expectativas não cumpridas, das velhas janelas embaçadas, não consegue, de novo, enxergar o lado de fora... é a época em que o coração pede, suplica, por ser substituído... por uma memória nova. Por um fígado, não é o que dizem? Por qualquer coisa, até um par de sapatos novos vale mais.

Mas passa... ai, o coração adormece. Fica escondidinho no canto do peito. Hiberna no seu inverno solitário, esperando alguém que traga o verão. O verão permanente. Que queira aquecê-lo, agitá-lo e novamente, fazê-lo entregar-se através de bochechas rosadas, olhos brilhantes e mãos trêmulas.

Não há de se entender, há de se esperar, calmamente, com a certeza de que o inverno, sempre passa...

"O coração tem razões, que a própria razão desconhece".
(Blaise Pascal)


0 comentários: